Os lipídios podem
ser classificados em: lipídios simples, compostos ou derivados:
LIPÍDIOS SIMPLES: (ácidos graxos; mono, di
e triglicerídios e, ceras).
ÁCIDOS GRAXOS
São ácidos monocarboxílicos, a forma mais simples dos
lipídios, podendo ser saturados ou insaturados.
Ácidos
graxos saturados: têm somente ligações simples entre os carbonos, fazendo
com que as moléculas fiquem mais próximas umas das outras, com isso, aumentando
a interação entre elas, conferindo a estes ácidos graxos a característica de
serem sólidos a temperatura ambiente (20ºC). Não são nutrientes essenciais e
podem ser rapidamente sintetizados no organismo a partir acetato.
Os ácidos graxos saturados
da dieta têm efeito hipercolesterolêmico (o aumento da quantidade de colesterol
na corrente sanguínea) e aumentam a concentração das LDL. Todas as gorduras
animais são altamente saturadas, exceto aquelas provenientes de peixes e
mariscos. Como exemplo de ácidos graxos saturados podemos citar: banha,
manteiga, gordura amarela das carnes, toucinho, etc.
As dietas ocidentais têm
alto teor de ácidos graxos saturados, especialmente de origem animal, e elevam
o teor de colesterol sanguíneo total, levando, portanto a hipercolesterolemia. A
hipercolesterolemia é o distúrbio mais fortemente associado ao desenvolvimento
da aterosclerose. A aterosclerose é a causa principal de mortes no mundo
ocidental, porque predispõe ao infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral
e doenças vasculares periféricas.
A
anotação de ácido graxo saturado é escrita, como exemplo abaixo:
Ácido
esteárico (18:0) - contém 18 carbonos e nenhuma (0) ligação dupla
Ácidos
graxos insaturados: possuem uma (monoinsaturados) ou mais ligações (poliinsaturados)
duplas entre carbonos, fazendo com que as interações entre as moléculas sejam
menores, conferindo a estas gorduras a característica líquida a temperatura
ambiente. Podem ser ácidos graxos essenciais ou não essenciais.
Enquanto os ácidos graxos
saturados apresentam-se como fatores dietéticos de risco para desenvolvimento
de doença coronariana aterosclerótica, os ácidos graxos insaturados têm efeito
antiaterogênico, ou seja, possuem a capacidade de diminuição das concentrações
de colesterol sanguíneo, prevenindo assim a formação das placas de ateroma.
O ácido oléico – um ácido
graxo monoinsaturado, presente em altas concentrações no azeite de oliva
extra-virgem e no óleo de canola, mostram um efeito protetor evidente,
reduzindo as concentrações plasmáticas do mau colesterol sanguíneo (LDL), já o
azeite de oliva refinado não apresenta o mesmo efeito protetor, quando
comparados com os extra-virgens.
Em
geral os ácidos graxos monoinsaturados dietéticos, reduzem, em indivíduos
normais, as concentrações plasmáticas de LDL, provavelmente pelo aumento dos
receptores para LDL. Também os monoinsaturados são considerados nutrientes não essenciais,
podendo ser rapidamente sintetizados no organismo humano.
Os
efeitos antiaterogênicos dos ácidos graxos insaturados podem resultar de sua
capacidade de diminuição das concentrações de colesterol associado às LDL e de
seu efeito antiinflamatório sobre células vasculares, pois esses ácidos inibem
a expressão de proteínas endoteliais pró-inflamatórias.
Assim como os ácidos
graxos monoinsaturados, os ácidos graxos poliinsaturados ômega-6 (ω-6),
diminuem a taxa de oxidação das LDL plasmáticas; entretanto quando
administrados em proporções exageradas em relação aos demais ácidos graxos da
dieta, podem levar a efeitos indesejáveis. Como os ácidos graxos ω-6 e ω-3
participam de reações inflamatórias, estão diretamente relacionados à
resistência imunológica, distúrbios metabólicos, processos trombóticos e
doenças neoplásicas. Normalmente, o ácido linoléico (ω-6) é convertido em ácido
araquidônico; este é precursor da síntese de eicosanóides, especificamente das
prostaglandinas da série 2, tromboxana A e leucotrienos da série 4.
Os eicosanóides (compostos
como hormônios) sintetizados a partir do ácido araquidônico causam agregação
plaquetária, formação de coágulo e vasoconstrição.